Blogagem: 10 mudanças para as famílias viajarem mais pelo Brasil

Blogagem: 10 mudanças para as famílias viajarem mais pelo Brasil

30 mar 14
Blogagem: 10 mudanças para as famílias viajarem mais pelo Brasil

Em um país de tantas necessidades básicas, não seria luxo falar sobre o que as famílias precisam para viajar mais?

Uma resposta curta e grossa para essa pergunta um tanto complexa é dizer que a indústria do turismo representa 10% do PIB do planeta. Mas, segundo a Embratur, ela representa somente  3,5% do PIB deste país tropical. Há muito que crescer!

Não tenho vergonha de dizer que viajei com meus filhos para 10 países e somente para 4 estados. Em termos de férias, dou mais lucro lá fora do que aqui. E quando digo viagens não falo de estadias em resorts e, sim, daquelas que experimentamos as cidades como um habitante local.

Vivemos experiências positivas em vários destinos com atrações que pensam nos pequenos viajantes. Isso significa ter serviços que sejam “amigos da criança”, ou melhor dizendo, ajustados para as necessidades deles e dos pais que os acompanham.

Foi assim que comecei a refletir sobre esta blogagem coletiva e elencar alguns itens que considero importantes para um destino atrair essas famílias.

Do que o Brasil precisa?

1)      Precisamos de aeroportos eficientes. No atendimento, nos horários, nos banheiros, nas filas, na Polícia Federal, no espaço disponível para crianças, na disponibilidade de carrinhos de bebê, nos restaurantes. Aeroportos são fundamentais em um país de distâncias continentais.

2)      Precisamos de locadoras de veículos que ofereçam cadeirinhas de criança em boas condições e com preços justos. Há destinos onde a única forma de visitar é usando carro e o sentimento é de refém de locadora e não cliente. Veja aqui uma das experiências que tivemos através da AAA. Será que falta concorrência?

3)      Precisamos de hotéis que hospedem crianças. Berços disponíveis e em boas condições, hospedagem de crianças no quarto dos pais, diárias acessíveis, uma abordagem infantil nos serviços e, porque não, um espaço para brincar. Não queremos hospedar em dois quartos, queremos ficar juntos! Veja aqui como a rede francesa Accor entendeu isso.

4)      Precisamos de banheiros. Limpos, com trocador, com sabonete e papel para enxugar as mãos. No posto de combustível, na lanchonete, no aeroporto, na atração, precisamos sempre deles! Veja aqui como um bom banheiro pode ser quase uma atração turística.

5)      Precisamos de restaurantes com cardápio adequado para os pequenos. Porção pequena e saudável a preço justo, com criança sentada no cadeirão. Não queremos pagar pratos de adultos para as crianças! Veja aqui como este restaurante na França nos surpreendeu.

6)      Precisamos de museus e atrações que considerem os pequenos. Acessibilidade para carrinhos de criança, atividades voltadas para as necessidades infantis e que desperte o interesse. Queremos que eles desfrutem de cultura, arte e ciência. Veja aqui como este “museu de adulto” em Los Angeles conquistou 5 crianças pequenas.

7)      Precisamos de praças com playgrounds. Praças com gramas cortadas, brinquedos em boas condições de uso e bancos para os pais. Veja aqui e aqui exemplos de como Santiago considera os pequenos.

8)      Precisamos de parques de diversão seguros. Não querido leitor, não estou comparando com a Disney, estou falando daqueles normais, básicos, espalhados pelo Brasil. Cada vez que acontece um acidente eu lembro que devo deixar meus filhos bem longe deles.

9)      Precisamos do transporte público eficiente. Com acessibilidade, espaço disponível para carrinhos e amplitude na oferta do transporte são os pontos mais críticos quando pensamos circular pelas cidades usando o transporte local. É direito do cidadão e não favor para turista.

10)   Precisamos que as cidades tenham centro de informação turística estruturado e interessado em atender as famílias. Seja através de site, mapa ou serviços, o turista precisa contar com atendimento confiável e atualizado.

A beleza natural do Brasil atrai? Sem dúvida, mas acredito que funcione mais ou menos como alguém que tem uma ótima “fachada” e pouco conteúdo interior. Atrai, mas não convence.

Famílias com crianças pequenas são muito parecidas em suas necessidades. Se a indústria do turismo pretende recebê-las, que se estruture e faça a lição de casa antes de fazer o convite de viagem.

Há necessidades que estão relacionadas com a iniciativa privada e outras com os serviços públicos. Em ambos os casos, as mudanças podem ser colocadas em prática dentro de curto prazo, basta que haja a disposição para isso.

Um último esclarecimento. Engana-se quem pensa que necessidades maternas são o pano de fundo desta blogagem. Estamos falando do negócio de ganhar dinheiro. Seria demais lembrar que as crianças viajantes de hoje também são os clientes de amanhã?

Nós também #queremosviajarpeloBrasil !!!

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Esta blogagem coletiva é uma iniciativa do grupo de Famílias Viajantes capitaneado pela Sut-Mie Guibert do blog Viajando com Pimpolhos.

Nesse grupo há uma intensa troca de dicas e informações sobre destinos e atrações que são amigos da criança, ou como alguns preferem chamar, kid-friendly.

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Aqui estão outros blogs que participam da ação. Não deixe de ler os textos de famílias que efetivamente colocam o pé na estrada com os filhos:

Flávia Peixoto do blog Viajar é Tudo de Bom

Claudia Boemmels do blog Brasileiros Mundo Afora

Claudia Rodrigues do blog Felipe, o Pequeno Viajante

Andreza Trivillin do blog Andreza Dica e Indica Disney

Thyl Guerra do blog  Viajando com Palavras

Eder Rezende do blog  Quatro Cantos do Mundo

Ana Luiza Fragoso do blog Oxente Menina

Adelia Lundberg do blog Paris des Petits

Márcia Tanikawa do blog Os Caminhantes Ogrotur

Debora Galizia do blog Viajando em Família

Karen Schubert Reimer do blog As Aventuras da Ellerim Viajante

Thiago Cesar Busarello do blog Vida de Turista

Regeane Nicaretta do blog Dicas da Rege

Debora Godoy Segnini do blog Gosto e Pronto

Erica Piros Kovacs do blog Viagem com Gêmeos

Francine Agnoletto do blog Viagens que Sonhamos

Sut-Mie Guibert do blog Viajando com Pimpolhos

Ana Cintia Cassab Heilborn do blog Travel Book Blog

Flávia Maciel do blog Bebê Pelo Mundo

Claudia Bins do blog Mosaicos do Sul

Patrícia Tabalipa do blog Roteiro Baby Floripa

Andrea Almeida Barros do blog Do RS para o Mundo

Patrícia Papp do blog Coisas de Mãe

Susana Spotti do blog Viagem Simplesmente

Andrea e Luciano do blog Malas e Panelas

Patricia Longo Tayão do blog Viajar hei

Liliane Inglez do blog Trilhas e Cantos

 

 

 

 

24 comments

  1. Claudia

    resumiu tudo numa frase, Adriana: “Engana-se quem pensa que necessidades maternas são o pano de fundo desta blogagem. Estamos falando do negócio de ganhar dinheiro.”
    Genial!!!
    #queremosviajarpeloBrasil

    • Adriana Pasello

      De verdade, Claudia, não vejo nenhum frufru nesse assunto. Turismo é um negócio e turistas são clientes. Ponto final. Nós também #queremosviajarpeloBrasil

  2. Alessandra Palomo

    Excelentes pontos ! Mas tem um outro ponto bem importante que me fez mais uma vez decidir viajar pra fora e não dentro do Brasil nas nossas férias desse ano: o altíssimo preço dos hotéis aqui no Brasil. Pesquisei hotéis com estrutura para criança, tanto fora do quarto quanto dentro, em alguns lugares como Gramado, Búzios, algumas cidades do Nordeste. E encontrei uma média de 400 reais a diária. Não estou falando de resorts e hotéis fazenda, cujas diárias superam os 1000 reais facilmente. Acabei decidindo ir pra Disney de novo, pois o Apt de 140 m2 com toda a infra e conforto necessários me custou 150 reais a diária. Além isso, nos feriados e datas de muita procura os preços dos hotéis aumentam absurdamente, o que não vejo acontecer como tanta intensidade em outros países. Dessa forma, vamos continuar procurando lugares no exterior, pois além dos preços, muitos oferecem um suporte para o turista infinitamente melhor do que temos no Brasil.

    • Adriana Pasello

      Excelente lembrança Alessandra. Acabei de incluir “preço justo” no item hotel. Eu sou como você, pelo o valor da diária, multplico pelo número de dias e parto para o exterior. Triste realidade.

    • Andiara Izidoro

      Tambem concordo, viajar pelo Brasil ainda é um negocio bastante dificultoso e caro.

  3. Thyl

    Perfeito Adriana Pasello! Estava aqui lembrando em como os meninos se divertem numa simples pracinha com um playground. Claro que um ambiente limpo e salubre e com parquinho em perfeito estado de conservação. Ou o quanto precisamos de um básico banheiro com condições mínimas. Ou como o detalhe de um cardápio infantil faz a diferença. Algumas mudanças não são nada complicadas, né? Adorei sei post. E parabéns pela iniciativa! Bjs

    • Adriana Pasello

      Oi Thyl, acabei não postando como exemplo, mas visitei uma cidade chamada Sonoma no Napa Valley duas vezes em viagens diferentes por causa da praça com playground. Simples assim! Penso exatamente da mesma forma, alguma mudanças são bem simples, mas para isso precisa entender o turista como cliente. Não é favor, nós temos o direito porque estamos pagando! rs

  4. Nicola Artigas

    gostei desta ideia e sou apaixonado por viagem ..

    • Adriana Pasello

      Obrigada Nicola. Há alguma mudança que você sugere que não está relatada nesse texto?

  5. Oi Adriana,
    Acho que tudo se resume ainda a cultura do país (com raras exceções), de aproveitar o máximo possível do turista, esfolando cada um de nós que se propõem a viajar por aqui. E para a grande maioria da população, viajar ainda é um luxo e por estarmos acostumados a não ter comodidades ou facilidades em nosso cotidiano aqui no Brasil, acabamos nivelando os serviços por baixo e não paramos para questionar como deveria ser, até sair do país e perceber que a coisa lá fora é beeem diferente.
    Parabéns pelo post!
    Abraços!

    • Adriana Pasello

      Sem dúvida alguma Márcia, a questão da cultura está enraizada e isso é algo que só muda com gerações. Também concordo que acabamos nos acostumando com o que é ruim e fraco. Talvez seja uma maneira de manter o humor, apesar de tudo. Eu ainda acredito que há esperança quando mudarmos a visão de turista para cliente, especialmente para os negócios da iniciativa privada. Se eles não desenvolverem essa visão, quem o fará? Governo? Acho que não.

  6. Denise

    Os postos de gasolina dão um capítulo a parte. Quando se pensa em viajar de carro para alguns lugares a partir de Londrina, como Foz do Iguaçu, por exemplo, é de se pensar duas vezes… sem falar na qualidade das estradas.
    Bjs!

    • Adriana Pasello

      De fato Denise, como usar os banheiros dos postos de gasolina. Quantas vezes não deixei os filhos de pernas abertas com o pé sobre o vaso, quantas e quantas… Adoramos viajar de carro e as distâncias no Brasil pedem isso, mas como transitar de forma tranquila sem saber o que vem pela frente?

  7. Elke

    Perfeito! Recentemente fui ao aeroporto de Londrina buscar a minha mãe retornando de viagem e ao usar o banheiro me deparei com uma complicada situação. Não havia sabonete para lavar as mãos em nenhuma das saboneteiras, nem papel para enxugar as mãos… Isso chega a ser constrangimento.

    • Adriana Pasello

      Pois é Elke, resisti muito em colocar “banheiros” como um dos itens, mas o fato é que não podemos contar com eles, nem mesmo dentro de um aeroporto. É lamentável e precisamos exigir que eles ofereçam o básico! r

  8. Francine

    Adriana,

    Parabéns pela iniciativa, já havia passado da hora de expressarmos nossa opinião sobre o assunto.

    O texto ficou ótimo!

    Bjs,
    Fran @ViagensqueSonhamos

    • Adriana Pasello

      Valeu Fran, tamo junto! rs

  9. Alessandra Cristina Palhares

    Todos os pontos são realmente pertinentes! Recentemente fizemos uma viagem pra Natal, o que nos deixou muito inseguros foi a diversidade e desencontro de informações, de preços, de itinerários… e com criança precisamos ter a garantia de que tudo sairá como planejado. Sem contar uma blitz que a polícia resolveu fazer parando todos os carros, ficamos mais de três horas na fila.

    • Adriana Pasello

      De fato Alessandra, não temos tradição em organizar e informar o turista. Somos deixados a Deus dará (ainda bem que nós podemos contar com ELE!). Por falta de informação ficamos reféns de táxis e recepcionistas de hotel, isso se não cairmos nas mãos de malandros profissionais. Obrigada pela vista. bj

  10. Eu fui a Santiago com meus filhos e fiquei VERDADEIRAMENTE ENCANTADA com a qualidade dos parques que vi por lá. Nunca vi em lugar nenhum parques infantis públicos como aqueles.
    http://atravessarfronteiras.blogspot.com.br/2012/07/ah-os-parques-chilenos.html

    • Adriana Pasello

      Santiago é um show de cidade e uma demontração ao vivo e em cores de que é possível fazer o turismo dar certo na América do Sul. Basta seguirmos o modelo que já está funcionando bem!

  11. Oi, Adriana!
    Finalmente, vou comentar nessa blogagem coletiva! Só frisando que não participei desta vez por absoluta falta de tempo e porque tinha certeza que todos do grupo abordariam todos os nossos problemas com muita propriedade!
    Vou chover no molhado e concordo com todos os pontos levantados por você: falta no Brasil profissionalismo! As pessoas confundem esse jeito simpático e informal que nós temos e acabam sendo amadoras no trato com os turistas. Você falou certinho: é um negócio e como tal deve ser tratado!
    Concordo também com a questão dos valores das diárias em hoteis e também sofro ao procurar quartos quádruplos! Nossa!
    O que me deixa triste é saber que alguns desses pontos levantados durante a blogagem coletiva (estradas boas, transporte coletivo seguro e eficiente, entre outros) vão demorar a se concretizar… Mas a esperança é a última que morre… rsrs
    Aproveito para contar que a nossa última viagem foi aqui no Brasil e a próxima também será! Beijos!!!

  12. Regeane

    Muito boa sua colocação de que crianças são consumidores em potencial, falta muita visão empreendedora em nosso país.

  13. Oi Adriana, um ponto que você tocou super importante e praticamente banalizado no Brasil: banheiros limpos;no Bosque da Barra, por exemplo, parque que lota aos finais de semana de famílias, os banheiros ou estão interditados por falta d’água ou estão inundados com vazamentos, então quando vamos para lá aviso aos pequenos: banheiro primeiro! As condições são as piores possíveis, tanto de higiene quanto de manutenção.

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